sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

A era do prazer

Nós vivemos numa sociedade onde trabalho e lazer não se misturam. Até hoje o nosso calendário é dividido entre maior parte de dias para trabalho e menor para o lazer. A medida de tempo também. Muitos falam que a nossa existência é muito mais para sofrer do que para o prazer. Porém, no mundo do consumo este conceito está mudando e não de hoje. Já há muito tempo, desde meado dos anos 90 que o Marketing de Experiência e uma série de espaços temáticos buscam levar cada vez mais entretenimento e lazer aos consumidores onde eles estiverem. E nós estamos começando a experimentar no Brasil a plenitude do uso do lazer como fator alavancador de Negócios. Eu digo Negócios porque não é só utilizar a ferramenta do entretenimento para apoiar ou patrocinar, mas criar produtos comerciais para gerar novo nicho de Negócio, principalmente na área de produtos tecnológicos ( vide games ) e fazer disso um ramo de Negócio.
Mas, porque o entretenimento se tornou tão importante no mundo do Negócio? Há muitas razões e entre elas o surgimento de facilidade de reproduzir nosso cotidiano na dimensão virtual e lá corrigir todas as distorções, dificuldades e problemas sofridos no cotidiano da vida real. Em outros momentos, somente a superação das nossas expectativas e a fuga da realidade pode alcançar um êxtase capaz de optar por uma marca ou outra na mente e coração de um consumidor por mais tempo, valer a pena acima do preço e facilidade, porque o mundo real só mostra as mazelas e violências que estão fora do nosso controle. Sonhar se tornou produto de necessidade para uma boa parcela do público que tem também prazer em consumir lazer. E, se formos olhar sob este ângulo, podemos transpor esta fronteira do mundo virtual e podemos buscar na simplicidade de uma festa popular ou na tradição de arte circense revisitada a essência da magia e do sonho que o ser humano precisa para ter um momento de lazer e transformar isso em um produto de alto valor agregado. Ou uma aventura radical de tirar o fôlego torna-se um hobby estimulador para executivos pressionados pela busca de resultado e esquecer um pouco e tratar o seu estresse com outro tipo de estresse!
E se esse lazer vier pelas mãos de alguma marca que quer lhe agradar para dizer que você não é apenas um consumidor ou target, mas sim, um ser humano, amigo, confidente e convidado VIP – nada mais encantador.
Muitos anunciantes buscam criar espetáculos e eventos que utilizam os cinco sentidos para apurar a técnica de comunicação e atingir os pontos mais emocionais e sensibilizar o interlocutor. E, assim tê-lo como aliado ou até como defensor da marca.
Todavia devemos tomar muito cuidado com alguns detalhes:
· Verificar se a marca possui força suficiente para apoiar ou patrocinar produto de entretenimento.
· A pertinência conceitual ou com a cultura empresarial com o tipo de entretenimento para obter sucesso desejado ( diversos tipos de artes, folclore, esportes ou diversão ).
· Tempo de duração, espaço e volume de verba são pontos importantes no planejamento.
· Não exagerar na forma e no conteúdo para que a mensagem comercial seja o mais harmonioso possível e sem agredir ou ser impertinente.
· Pensar sempre de forma integrada na comunicação e não somente concentrada neste meio.
· Inovação deve ser sempre precedida de testes e simulações para prever possíveis desvios e erros de previsão.
· Nem sempre o que deu certo uma vez dará sempre. Como também nem sempre o que foi sucesso por muito tempo poderá continuar vitorioso. Esteja sempre atento e monitorando cenário e tendências.
· Pense também em agregar criatividade na hora de escolher alternativa mais adequada para sua marca, como por exemplo, conjugada de comunicação e entretenimento e que pode ser realizado sob forma de filmes, programas de TV, jogos interativos, música, peças teatrais, livros, etc. Como também, os novos formatos de Advertainment ou Branded Entertainment que surgem como conteúdo de entretenimento. Ex: curtas metragens, advergames e simulações ambientais.
E, para finalizar, devemos sempre lembrar que em qualquer produto de Marketing de Entretenimento o “script” deve contar uma estória que será incompleta sem a participação do convidado que é o público-alvo. Outros ingredientes como alteração do estado de realidade, o encantamento através do uso da audição, olfato, paladar ou tato e o uso de design que estimula o belo, aspiração e provoca o desejo de ter/ estar com esta criação poderão ser essenciais para alcançar o objetivo de fazer negócio sem abrir mão de sentir ou vivenciar momentos de profundo prazer. De qualquer forma, a era do prazer já está presente e é inexorável – então vamos fazer com excelência.

Elza Tsumori
Presidente da Executiva Nacional da AMPRO e sócia diretora da Cia. Ativadora de Negócios

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