segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Aproveitando o encerramento do Cine Gemini

O dia 26 de setembro de 2010 foi o último dia de projeção para o Cine Gemini, na Av. Paulista, São Paulo.
Registro este fato em homenagem ao meu pai Kazuo Tsumori, conhecido como "seu Chico" e que dedicou mais de 40 anos de sua vida profissional como pintor de cartazes de cinema da capital paulista. Além dos anos que pintou enormes placas de anúncio que ficavam nas estradas e placas de comércio. O antecedente do nosso atual outdoor e banners plotados.

O meu pai também foi um profissional da promoção.

Quando começou a pintar cartazes para filmes era início dos anos 50 e a colônia japonesa fazia fila para assistir os poucos filmes que eram importados por uma família progressista do sr. Tanaka. Logo depois construíram um prédio na Rua Galvão Bueno, onde por muitos anos funcionou um hotel e no térreo o Cine Niterói, palco de muitas filas. Atualmente este pedaço da rua Galvão Bueno é um viaduto sobre o acesso leste-oeste. Depois veio Cine Jóia, Cine Nippon e Cine Nikkatsu, cada um com representando uma produtora de filmes japoneses. Foi uma época bem agitada e que originou o bairro japonês na Liberdade, enchendo de comércio, hospedarias, escritórios e moradias dos japoneses e seus descendentes.

Meu pai foi um excelente pintor nato, autodidata e tornou-se conhecido no meio cinematográfico pelos seus trabalhos nos cinemas da colônia. Durante as décadas de 50,60, 70 e 80 criou também os cenários dos principais shows de artistas japoneses que vieram ao Brasil.
Com o crescimento do mercado de cinema no Brasil, muitos vieram procurar meu pai e estendeu seus trabalhos para circuito da Cinelândia, como Cine Metro, Cine Comodoro - Cinerama, Cine Marrocos, República, Marabá e tantas outras salas de sucesso. Eram 50, 100 e 200 metros quadrados de anúncios nas fachadas, complementadas com displays tridimensionais, legendas nas fotos de vitrines.

Eu me lembro até hoje o dia em que Glauber Rocha veio ao galpão onde trabalhava meu pai - chamado na época de "oficina de pintura". Ele veio para solicitar a pintura do painel de lançamento do filme "Barravento".

Por causa desses momentos vividos na minha infância em torno do cinema, o encerramento das atividades do Cine Gemini me fez lembrar o tempo em que eu ia com meu pai fazer a colocação de faixas, displays e fotos nas vitrines dos cinemas.

O Cine Gemini, mais recente, recebeu a visita do meu pai muitas vezes nos anos 80, quando já ficava raro ter fachadas cobertas com os painéis. Nesta época os letreiros com caxilhos de acrílico leitoso na fachada substituíram as pinturas e o seu trabalho era restrito nos displays, nos cartazes traduzidos e legendas de fotos.

Esta lembrança me trouxe a nostalgia de um tempo que não volta mais. A época dos cinemas de rua, muito diferente de hoje, serviu de cenário para aproximação, namoros, passeios familiares e point dos jovens. Hoje as salas de projeção são menores e concorrem com home theater e jogos interativos. Além disso a tecnologia de hoje é digital, 3D e high definition.

Desta forma, cada geração vê as suas novidades, mas espero que o cinema continue a encantar crianças e adultos, mesmo coexistindo com as outras tecnologias e midias.

domingo, 3 de outubro de 2010

O "Street View" do Google

No dia 1º de outubro foi ao ar a ferramenta Street View que oferece uma visão 360º das ruas brasileiras. São atualmente 51 municípios e 150 mil quilômetros com milhões de fotos processadas para mostrar virtualmente esses municípios. Esta ferramenta é considerada como uma das mais polêmicas por invasão de privacidade. Segundo os jornais, dezenas de pessoas já processaram o Google por diversas razões. Na Inglaterra as autoridades obrigaram a retirar construções militares e o governo grego proibiu a captura de imagens do seu país.

Se de um lado esta ferramenta permite a busca de lojas, restaurantes e empresas, facilitando a localização imediata devemos refletir no uso indevido e malicioso. Como tudo nesta vida existe dois lados: o lado positivo e o lado negativo. E, depende de nós vigiar e desaprovar qualquer abuso ou mau uso.

E para aqueles que constantemente relembra a obra 1984 de George Orwell é fácil ver nesta ferramenta mais uma batuta do "Big Brother". Só que nada se sustenta sozinho. É preciso colocar num contexto onde as peças e os fatos se encaixem perfeitamente para que possamos temer esta ferramenta como tal.

Neste momento, devemos ficar atentos com a possibilidade de perder o acesso às notícias e fatos que verdadeiramente mostrem a face da realidade. Lemos nestes últimos anos constante cobrança da mídia sobre a possibilidade de cesura e controle da informação o que não pode ser permitido. Quem deve tirar as conclusões somos nós cidadãos.